Reporting the Understory

A Fulbright Research Project About Independent Journalism in the Brazilian Amazon

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Entrevista: Por que Elaíze Farias acredita que os jornalistas não devem se conformar com a injustiça

6 de dezembro de 2024

Há mais de dez anos, as jornalistas Elaíze Farias e Kátia Brasil tiveram uma ideia: fundar uma agência de jornalismo investigativo com verdadeira independência editorial na Amazônia, focada nos direitos humanos e territoriais e nas comunidades marginalizadas da região. Hoje, com várias agências de notícias semelhantes operando na Amazônia e o modelo de jornalismo sem fins lucrativos se consolidando em todo o mundo, tal conceito pode não parecer tão ousado. Mas naquela época, havia poucos ou nenhum exemplo a seguir - particularmente na Amazônia, onde o jornalismo é quase exclusivamente financiado por corporações e políticos que exercem influência sobre a cobertura. Com sede em Manaus, capital do Amazonas, Farias e Brasil lançaram sua visão em 2013 sob a marca Amazônia Real, publicando várias investigações aprofundadas, ajudando-as a garantir financiamento filantrópico sustentável. A agência ajudou também a formar novas gerações de jornalistas, muitos deles hoje atuando em outras mídias independentes. Nos últimos anos, outros veículos independentes na Amazônia surgiram seguindo seu exemplo, mas a Amazônia Real continua sendo a principal fonte de reportagens combativas que responsabilizam o poder e revelam abusos de direitos humanos em toda a Floresta Amazônica. Publicou reportagens exclusivas e transformadoras sobre violência contra povos indígenas, desmatamento ilegal e invasões de terras, e corrupção e irregularidades por parte de funcionários públicos. Suas oficinas, treinamentos e estágios também ajudaram a lançar as carreiras de muitos dos jornalistas de direitos humanos mais bem-sucedidos da Amazônia atualmente. No mês passado, conversei com Farias por quase duas horas sobre as ideias, intenções e estratégias por trás da Amazônia Real e o que ela aprendeu nos últimos 11 anos. Você pode ler uma versão (significativamente) abreviada da nossa conversa aqui. Nota: Esta conversa foi editada para maior concisão e clareza. Você e Kátia Brasil eram repórteres em publicações tradicionais antes de iniciar a Amazônia Real. O que distingue a Amazônia Real dessas publicações e como você descreveria o tipo de trabalho que a Amazônia Real faz? Fazemos jornalismo. Para efeito de compreensão, quando nos perguntam, normalmente falamos que fazemos jornalismo socioambiental, ou apenas jornalismo independente e investigativo. Geralmente, por estarmos na Amazônia, nos associam automaticamente a jornalismo ambiental, que é uma descrição muito restritiva e segmentada. Não é nosso caso. A gente revisou muitos conceitos ocidentais e etnocêntricos, de raiz colonial que o jornalismo reproduzia. O nosso principal objetivo é falar do mesmo assunto de uma outra forma, ouvindo todas aquelas pessoas que muitas vezes não eram ouvidas para nada sobre assuntos que lhes atingia. A busca por mudar a forma de fazer jornalismo passa primeiramente pela descolonização da forma de produzir e publicar as informações que viram notícias. Passa por mudanças radicais na forma de apurar. Isso faz muita diferença. O jornalismo corporativo, o jornalismo que visa o lucro, não tem esse espaço. Em algum momento vai ter uma barreira. Porque também está mexendo com os interesses de outro grupo, geralmente dos poderosos grupos econômicos, interesses de políticos. Realmente, em todas as cidades da região Norte, o governo, prefeitura, algum político, há iniciativas de jornalismo que viram reféns deles, eles financiam - você tem que fazer isso. E na Amazônia Real a gente trouxe essa liberdade. A gente não permite que os financiadores, que geralmente são da filantropia, interfiram em nossas reportagens. Muitas pessoas tentam desacreditar esse tipo de jornalismo que busca centralizar pessoas marginalizadas chamando-o de “ativismo”. Como você vê a diferença entre ativismo e seu jornalismo e você acha que a divisão é necessária para manter? Não gosto da palavra “ativismo” para explicar o jornalismo que fazemos. Não sou contra quem faz ativismo, pelo contrário. Mas a gente lida com fatos. Apuramos e contamos as histórias em nossas reportagens. Ouvimos todos os lados, naturalmente. Embora em nossas reportagens os principais personagens, os sujeitos de nossas histórias, são os grupos sociais que geralmente são apagados nas grandes pautas da mídia corporativa ou que não detêm o poder econômico dos grandes interesses que tentam interferir nas tomadas de decisão. Com o nosso jornalismo, a gente mobiliza o grupo social, e é verdade, mobiliza o cidadão para gerar mudança. Mas fazemos isso com o nosso trabalho. Sabemos de um fato, de uma situação, vamos atrás para saber o que é. É por isso que existe apuração, é por isso que existe investigação, você vai atrás e vai mostrar. Então é isso que é o jornalismo. Muita gente tenta menosprezar esse jornalismo dizendo que é ativismo, como se essa prática também fosse inferior. Sou uma jornalista que gosta de ouvir e contar histórias. Precisamos humanizar e contar a versão de quem não aparece em dado oficial algum. Em nenhum registro institucional, muitas vezes. Por isso são apagados. Conheço várias histórias assim, esquecidas, como se elas nunca tivessem existido. Há casos até em que os dados oficiais, aquela papelada toda de documentos, contam mentiras e comentem grave injustiça. Sou uma jornalista eternamente inconformista com injustiça. Pessoalmente, e nem poderia ser diferente, tenho valores sociais de defesa de direitos humanos e da democracia. E que poderia ser chamado de ativismo, embora eu prefira a palavra “militância”, que ficou muito estigmatizada nos últimos tempos. Muitas vezes, por esse posicionamento, essa atuação mescla com minha trajetória profissional. Essa é uma escolha que não vem de agora. É de longa data, desde a época que eu estava na faculdade, ou nos movimentos sociais, e me acompanha durante esses longos anos de profissão. Eu não vou me colocar [ao lado do] agronegócio ou de grupos que atacam os direitos humanos. Nem ser porta-voz de minerador que está visando apenas o lucro, o capitalismo, por exemplo, ou de empresas que apresentam solução de mercado para fingir que estão salvando o planeta, quando na verdade estão causando destruição e colapso. Um dos maiores desafios que todos os veículos enfrentam hoje, mas especialmente os veículos independentes, é manter a audiência. Quem lê a Amazônia Real e como você mede seu impacto? Queremos ser lidos por todos os públicos. Não escolhemos segmentos, como muitas vezes nos perguntam. O site da Amazônia Real tem milhões de acesso por ano. A gente gostaria de ser mais lida na Amazônia. Essa é a nossa dificuldade também. Às vezes a gente é muito mais lida em São Paulo. Mas dependendo do assunto, as nossas reportagens são muito lidas na região Norte. Isso me leva a várias reflexões. É preciso se dar conta que nem todos os lugares da Amazônia têm acesso à internet. Temos uma desigualdade digital brutal. Há cidades onde o acesso à internet não existe ou funciona precariamente. Como a população vai ler nossas reportagens? Independente de barreiras como essa, nosso propósito é provocar mudança. O que é essa mudança? Um leitor comum, que está lendo sobre uma história, ele vai entender o que acontece. Ele vai se informar melhor. Ou mudança no tomador de decisão. Instituições públicas como o Ministério Público Federal, por exemplo, entrando com uma ação judicial sobre aquele caso que a gente mostrou na nossa reportagem. Pode ser também uma simples visibilidade, tirar aquele grupo do silenciamento. Você chegar numa terra indígena pela primeira vez e a pessoa dizer, ‘olha, é a primeira vez que uma equipe de jornalismo vem aqui.’ Então eu acho que existem vários indicadores, e o indicador não pode ser medido apenas com métricas ou outros engajamentos numéricos. Você enfatizou que o financiamento da Amazônia Real não afeta sua independência editorial. Como a Amazônia Real é financiada e como ela se protege da influência dessas fontes de financiamento? Depois de um ano [de existência], a gente começou a receber fundos da Fundação Ford, que é o nosso principal financiador até hoje. Espero que continue, mas sabemos que é um desafio permanente manter a sustentabilidade porque as demandas são imensas. Fundos de filantropia vêm e vão. A gente tem feito parceria com grandes financiamentos e pequenos financiamentos. Os pequenos geralmente são para coberturas específicas, como eleições, secas extremas, etc. E com períodos determinados. A gente abre mão de muitas possibilidades porque sabe que não tem nenhuma coerência receber financiamento, por exemplo, de empresas que estão violando direitos humanos e territoriais nas populações locais. Ou que estão praticando greenwashing para cativar e iludir a sociedade usando os veículos de mídia. Ou de políticos ou de agências governamentais. Se aceitássemos, seríamos reféns da pressão de que quem financia. A gente nunca foi influenciada ou tivemos interferência por nenhuma das instituições que nos apoia. Somos irredutíveis nessa posição. E somos muitos transparentes, tanto que todos os nossos financiadores aparecem no site da Amazônia Real. Mas gostaríamos de variar os fundos de financiamento. Uma prática que gostaríamos que desse certo é a doação dos leitores. Ainda não é comum a doação no Brasil, mas temos esperança que isso mude. Acabamos de iniciar uma campanha de financiamento de leitores, pedindo doação para cobertura da COP30, para ampliarmos nossas reportagens sobre a crise climática e também para termos recursos para enfrentar assédios e processos judiciais. Também achamos importante termos recursos para a segurança da nossa equipe em nossas reportagens, sobretudo as de alto risco. A gente criou um protocolo de segurança para os repórteres, que inclui a proteção deles em seu trabalho. Que dicas você tem para interagir com fontes, particularmente grupos indígenas e outras comunidades marginalizadas, que podem não ter muita experiência com a mídia? Antes de tudo, é estar genuinamente comprometido com a população ou o grupo social que você quer dialogar. É importante que você tenha aliados nestas comunidades, conquistar a confiança deles. Compreender as suas ideias e linguagens. É preciso sempre ser transparente sobre suas as intenções, qual o objetivo da reportagem e o que pode acontecer de benefício. Não ir por vaidade, por likes ou pensando em premiações, e nem querer impor seu planejamento e cronograma sem ouvir as populações locais antes. Devemos construir relacionamentos antes de tentarmos um primeiro contato. Nem sempre vamos ser recebidos de braços abertos. Para não sermos alvo de desconfiança, devemos fazer um trabalho permanente de conexão. Precisamos aprender a ter método de trabalho também. Aquela visão do jornalista aventureiro, achando que está explorando um “tempo perdido do passado”, cheio de imaginário ocidental, de chegar sem avisar, não funciona, isso está ultrapassado. E é até desrespeitoso. Outra coisa é que a gente não pode entrar e sair com uma única voz falando sobre aquela comunidade ou aquele assunto que você está investigando. Muito menos apenas uma voz oficial, ou uma voz ocidental, o ‘especialista em tal assunto’. É importante dar espaço para fontes que muitas vezes são excluídas nas reportagens, seja as de campo sejam as feitas remotamente. Uma das orientações que a gente sempre dá para os repórteres: fale com mulheres. Tentem falar com mulher naquela comunidade. Não inclua apenas homens. Ter olhar crítico, estudar, pesquisar, ter humildade e lembrar que estamos sempre aprendendo, não somos especialistas em nada. Fugir do senso comum sobre a Amazônia. Quer falar sobre a Amazônia e suas populações? Estude a história da região. Saiba como ele se insere na historiografia brasileira. Vai perceber por que a Amazônia é um território em permanente disputa e confirmar que o modelo colonizador do passado se atualiza, com novas práticas de colonização, exploração, conflitos e desigualdade. Olhando para os 11 anos da Amazônia Real, o que mudou? Quais são alguns momentos que se destacam para você? Quando a Amazônia Real começou em 2013, já iniciamos nosso projeto de jornalismo de forma profissional. Abrimos CNPJ, micro-empresa – posteriormente criamos uma associação. Fizemos reportagens de “gaveta”, com abordagens mais atemporais, chamamos articulistas que eram nossos aliados. Naquele início contamos com apoio voluntário de uma rede de amigos. Nós éramos apenas jornalistas, vínhamos das redações. Não tínhamos experiência em empreendedorismo. Nunca tivemos pretensão de lucrar ou de ficar ricas. Isso não é possível no jornalismo que queríamos realizar. Mas sabíamos naquele momento que estávamos fazendo algo novo, pioneiro. Apenas não tínhamos muita ideia da dimensão desse algo novo. Naturalmente, pelos princípios jornalísticos que definimos já naquela época, não tínhamos recursos financeiros externos. Primeira decisão foi não receber dinheiro público. Tudo que fazíamos era com nossas finanças pessoais. Tentamos recurso de publicidade. Nunca conseguimos. Posteriormente, conseguimos financiamento de filantropia, que é a nossa principal fonte de sustentabilidade, mas é bom destacar que até nesse aspecto também somos criteriosas. Estou aqui resumindo esse período de pouco mais de uma década. Naquela fase bem inicial, em dezembro de 2013, a gente fez um trabalho muito marcante, eu e Kátia, que foi uma cobertura sobre o ataque de uma população inteira, praticamente, de uma cidade chamada Humaitá, no sul do Amazonas, aos indígenas Tenharim. A cobertura sobre esse caso era uma cobertura preconceituosa, que estigmatizava os indígenas. Envolvia uma suspeita de morte de três homens não indígenas. Mas ninguém ouvia os Tenharim. Então a gente ouviu, e isso foi um grande momento da nossa cobertura, que alcançou muita repercussão. Fazíamos entrevistas por telefone, ligávamos para o orelhão da aldeia. Kátia e eu passamos natal e o ano novo de 2013 trabalhando. Nos anos seguintes, fizemos coberturas gigantescas de vários assuntos. Desde o início, já fazíamos reportagens sobre o garimpo na Terra Indígena Yanomami. Esse nunca foi um assunto novo para nós. Reportagens sobre ameaças de morte a defensores de direitos humanos, sobre povos indígenas isolados, impactos da mineração e do agronegócio, desmatamento, queimadas, violência de gênero, etc. Veio a pandemia da Covid-19 e tivemos que fazer algumas mudanças em nosso planejamento, no nosso cronograma. Passamos a fazer matérias quase que diariamente. E, em um momento no qual grupos sociais como os indígenas e os quilombolas, estavam totalmente apagados na mídia. Foi uma cobertura intensa. Com a diferença é que não podíamos sair de casa, o acesso às comunidades estava fechado, e parte da nossa equipe tinha que se desdobrar nos cuidados, porque vivíamos em uma cidade que era um dos epicentros mundiais da pandemia, que era Manaus. Nesses anos todos, realizamos eventos, exposições, palestras, oficinas para comunicadores indígenas, incentivamos outros colegas a criarem iniciativas semelhantes. Tivemos muitos reconhecimentos, com premiações e homenagens. Eu, particularmente, fico mesmo feliz quando um indígena ou uma mulher ribeirinha vem a mim e diz: ‘aquela reportagem que você fez ajudou a mostrar a nossa luta’. A Amazônia Real completou 11 anos em outubro de 2024. São 11 anos mostrando que é possível ter um posicionamento em favor das populações amazônicas apagadas, estigmatizadas ou silenciadas, e isso também nos permitiu quebrar paradigmas do jornalismo colonial, que defende o distanciamento, a neutralidade. Uma longevidade imensa, que eu nem imaginava.

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Media Education: A Journalist’s Solution to Disinformation in the Amazon

March 23, 2025

In the Amazon, journalists are trying their hand in the classroom. As fake news and biased coverage floods the region, independent news outlets have begun active campaigns to teach the public how to spot disinformation, think critically about news and find trustworthy sources. Referred to as media education, the effort represents a remarkable expansion of the role of journalists. No longer are they consumed solely with reporting the news, but they are also taking an active role in building a more thoughtful, engaged public. The hands-on strategy has shown promise in restoring readership and rebuilding trust in legitimate news organizations that have long struggled to break through the onslaught of fake news on the Internet. In the Amazon, media education initiatives have particularly sought to combat rampant environmental disinformation that has undermined Indigenous groups, environmental protection laws and legitimate environmental reporting. “There was a problem in Manaus that was bigger than the lack of news outlets. It was the lack of media education,” said Jullie Pereira, reporter at InfoAmazonia and co-founder of Abaré, a media education organization in Manaus. “How are we going to found an outlet to publish specialized news and major investigations and major denunciations if we have a population that doesn’t even read, that has difficulty interpreting?” Abaré, which was created in 2019, creates lesson plans for teachers, gives workshops at local schools and holds discussions about local reporting. The intention was to build “a way for us to expand journalism's ties with a wider audience, an audience that doesn't necessarily understand how journalism works,” said Gave Cabral, president of the organization. Similar initiatives are occurring in other parts of the Amazon. Carta Amazônia, an independent news outlet based in Belém, also operates its own school, giving lectures and workshops in fact-checking and disinformation to students in Belém as well as Indigenous groups in the region. Another independent outlet in Belém, Amazônia Vox, has already demonstrated the significant impact this kind of engagement with local communities can have for news outlets. It runs an initiative in which students from a rural high school in Pará edit its articles before they’re published, exposing the students to legitimate reporting and encouraging them to think critically about the information they consume. The project has already led to a huge spike in Amazônia Vox’s readership in the school’s municipality. Even the Brazilian government has contributed to the media education movement in the Amazon. Last year, it announced the project MídiaCOP in partnership with France to train educators in the Amazon in media education and prepare a group of students to cover COP30 in Belém as young reporters. The initiative is part of the Lula administration’s goal to train 300,000 teachers in media education by 2027. Cabral said the focus of media education is not on simply telling the population which sources are trustworthy and which are not. Instead, Abaré attempts to democratize information by stimulating critical thinking about information sources and giving people tools to use their own voices to combat predominant media narratives. This point is crucial for Patricia Blanco, one of the coordinators of EducaMídia, a Brazilian media education organization that runs programs focused on the Amazon. She said the concept of media education should be centered around social inclusion, helping all to engage critically with the society around them. EducaMídia teaches people how news organizations work, how to find news from a variety of trustworthy sources and how to do their own fact-checking. But mostly, the focus is on “teaching how to think, teaching how to ask questions,” Blanco said. Blanco said it’s crucial that journalists and their news outlets participate in media education initiatives, as some are doing in the Amazon. “Journalists need to engage in this moment to educate their readers about what journalism is and what it is not,” Blanco said.

Educação Midiática: Uma solução do jornalista para a desinformação na Amazônia

23 de março de 2025

Na Amazônia, os jornalistas estão entrando na sala de aula. Enquanto as notícias falsas e a cobertura tendenciosa inundam a região amazônica, veículos independentes iniciaram campanhas ativas para ensinar o público a identificar desinformação, pensar criticamente sobre notícias e encontrar fontes confiáveis. Referido como educação midiática, o esforço representa uma notável expansão do papel dos jornalistas. Eles não são mais consumidos apenas por relatar as notícias, mas também estão assumindo um papel ativo na construção de um público mais atencioso e engajado. A estratégia mostrou-se promissora para restaurar a audiência e reconstruir a confiança em organizações de notícias legítimas que há muito lutam para romper o ataque de notícias falsas na Internet. “Tinha um problema em Manaus, que era maior do que a falta de veículos. Era a falta de educação midiática”, disse Jullie Pereira, repórter da InfoAmazonia e cofundadora da Abaré, organização de educação midiática em Manaus. “Como é que a gente vai fundar um veículo para publicar notícias especializadas e grandes investigações e grandes denúncias se a gente tem uma população que nem lê, que tem dificuldade de interpretar?”. Abaré cria planos de aula para professores, ministra oficinas em escolas locais e realiza discussões sobre o jornalismo local. A intenção era construir “um caminho de a gente expandir os laços do jornalismo, com um público mais amplo, um público que não necessariamente entende como funciona o jornalismo”, disse Gave Cabral, presidente da organização. Iniciativas semelhantes estão ocorrendo em outras partes da Amazônia. A Carta Amazônia, uma agência de notícias independente com sede em Belém, também opera sua própria escola, dando palestras e oficinas de verificação de fatos e desinformação para estudantes em Belém, bem como grupos indígenas da região. Outro veículo independente em Belém, a Amazônia Vox, já demonstrou o impacto significativo que esse tipo de engajamento com as comunidades locais pode ter para os veículos. Ela executa uma iniciativa na qual os alunos de uma escola rural no Pará editam suas reportagens antes de serem publicadas, expondo os alunos a reportagens legítimas e incentivando-os a pensar criticamente sobre as informações que consomem. O projeto já levou a um enorme aumento no número de leitores da Amazônia Vox no município da escola. Até mesmo o governo brasileiro tem contribuído para o movimento de educação midiática na Amazônia. No ano passado, anunciou o projeto MídiaCOP, uma parceria com a França para capacitar educadores da região amazônica em educação midiática, com o intuito de preparar um grupo de estudantes para cobrir a COP 30 em Belém como jovens repórteres. A iniciativa faz parte da meta do governo Lula de capacitar 300 mil professores em educação midiática até 2027. Cabral disse que o foco da educação midiática não é simplesmente dizer à população quais fontes são confiáveis e quais não são. Em vez disso, o Abaré tenta democratizar a informação, estimulando o pensamento crítico sobre as fontes de informação e dando às pessoas ferramentas para usar suas próprias vozes para combater as narrativas predominantes da mídia. Esse ponto é crucial para Patricia Blanco, uma das coordenadoras da EducaMídia, uma organização brasileira de educação para a mídia que realiza programas voltados para a Amazônia. Ela disse que o conceito de educação midiática deve ser centrado em torno da inclusão social, ajudando todos a se envolverem criticamente com a sociedade ao seu redor. A EducaMídia ensina as pessoas como os veículos de notícias funcionam, como encontrar notícias de uma variedade de fontes confiáveis e como fazer sua própria verificação de fatos. Mas, principalmente, o foco está em “ensinar a pensar, ensinar a fazer perguntas”, disse Blanco. A coordenadora acrescentou que é crucial que os jornalistas e seus veículos participem dessas iniciativas de educação midiática, como alguns estão fazendo na Amazônia. “Jornalistas precisam se engajar neste momento para educar seu leitor sobre o que é jornalismo e o que não é”, disse.

O Igarapé Secou e a Europa Inundou: Cobrindo a Crise Climática na Amazônia

7 de fevereiro de 2025

Nos 55 milhões de anos que a Amazônia tem sido uma floresta tropical, nunca se viu um ano como 2024. Ondas de calor escaldantes elevaram as temperaturas a altos recordes, enquanto uma seca histórica afundou os rios da bacia hidrográfica a baixos níveis sem precedentes. Ao mesmo tempo, os maiores incêndios florestais em décadas queimaram enormes áreas de floresta e criaram nuvens de fumaça que tornaram as cidades amazônicas as áreas mais poluídas do mundo. Os veículos independentes de notícias da Amazônia estavam na linha de frente para narrar esses desastres, falando com as comunidades cujas vidas foram transformadas, relatando a resposta do governo, realizando análises de dados e desenhando mapas para mostrar a natureza histórica das condições ambientais. Contudo, o que mais distinguiu o jornalismo climático desses veículos foram suas reportagens, não apenas sobre quem, o quê e onde (como está presente na maioria das coberturas da mídia sobre emergências naturais) mas também sobre o porquê. “Quando eu comecei a cobrir o clima, fazia uma cobertura que hoje eu não acho tão correta, que era expor o que estava acontecendo naquele momento e só”, disse Jullie Pereira, repórter do InfoAmazonia, um veículo independente de jornalismo de dados. “Você escreve a história e não consegue aprofundar com especialistas, não consegue aprofundar com a crítica esse poder público, não consegue trazer propostas”. Em vez desse tipo de reportagem superficial que descreve apenas o desastre específico e seu impacto imediato, veículos como a InfoAmazonia explicam as emergências climáticas locais, vinculando-as incessantemente à crise climática global e às políticas locais na Amazônia. Eles explicam aos leitores como as mudanças na atmosfera global transformam os ciclos climáticos na Amazônia, ao mesmo tempo em que investigam o imenso impacto que os projetos de desmatamento na região têm no clima. O resultado é um jornalismo aprofundado que não deixa dúvidas sobre a gravidade da crise climática na Amazônia e não deixa ilusões sobre as políticas culpadas e as mudanças que precisam ser implementadas. *** Em grande parte da Amazônia, os habitantes não precisam ser informados de que seu clima local está se comportando de maneira estranha. “As pessoas da Amazônia têm essa percepção que o clima mudou na Amazônia, o clima não é mais o mesmo. Os ciclos de chuva, os ciclos de seca mudaram”, disse Fábio Pontes, editor do Jornal Varadouro, um veículo independente com sede em Rio Branco, no Acre. Mas o que é menos visível a olho nu é a ligação entre o desaparecimento do igarapé local ou as ruas escaldantes de Manaus com os desastres que estão acontecendo em todo o mundo. “O nosso desafio é esse, o de dialogar com a população local que isso é efeito também do que elas assistem todos os dias no noticiário, seja com um incêndio florestal nos Estados Unidos, com uma enchente na Europa, na Espanha, um tufão. Mostrar para elas que tudo isso está conectado no mundo todo e aqui não é diferente”, disse Pontes. Os veículos independentes da Amazônia fazem essa ligação explicitamente, mostrando que as circunstâncias extremas que as pessoas estão vendo ao seu redor não são apenas anomalias, mas resultados previsíveis de uma transformação climática global. No ano passado, Amazônia Real iniciou uma reportagem sobre a falta de água potável em Manaus descrevendo a cidade como “um exemplo do que a ciência afirma ser a nova realidade climática nos próximos anos”. O Jornal Varadouro cobriu as sucessivas enchentes e secas do rio Acre na mesma reportagem que cobriu a conferência climática COP29. O InfoAmazonia usou uma análise exclusiva e uma coleção de mapas e visualizações detalhados para mostrar que a seca de 2024 foi de fato um evento climático extraordinário que nunca havia sido visto antes. Para fazer essa conexão entre emergências locais e a crise global, esses repórteres combinam ciência com histórias. Dados e citações de especialistas explicam a realidade inegável das mudanças climáticas na Amazônia, enquanto relatos impactantes sobre as lutas pessoais das populações locais fundamentam essas mudanças em impactos tangíveis e visíveis nas vidas humanas. Na análise exclusiva do InfoAmazonia sobre a estiagem de 2024, Pereira explicou como o aquecimento do Oceano Atlântico se combinou com o El Niño para inibir a formação de nuvens sobre a Amazônia. Enquanto isso, a equipe de dados do veículo organizou massas de medições dos rios em gráficos para mostrar claramente que a seca de 2024 não foi apenas mais extrema, mas também veio mais cedo do que a estação seca típica da região. Além desse jornalismo técnico sobre o papel das mudanças climáticas na seca, Pereira também incluiu histórias dolorosas de comunidades na Amazônia que sofrem com a descida de seus rios. Por exemplo, visitando a comunidade rural de Uarini, a mais de 500 quilômetros de Manaus, Pereira conversou com uma mulher que teve que dar à luz sem a ajuda de médicos porque a seca a impediu de chegar ao hospital mais próximo. Teria sido impossível obter essa história se Pereira não tivesse viajado para a comunidade. “É necessário que a gente consiga chegar a essas localidades ou realmente contratar repórteres locais que consigam contar essas histórias e que a gente consiga entender o que de fato está acontecendo. Então isso demanda recurso, isso demanda equipe, isso demanda interesse”, disse Pereira. “É muito importante o trabalho da cobertura climática in loco mesmo”. Pontes afirma que esses tipos de histórias pessoais dão à reportagem um impacto consideravelmente maior na explicação da crise climática, que muitas vezes pode parecer abstrata e distante. “Acho que o papel do jornalismo é dar humanidade, visibilidade, rosto, voz ao problema da questão climática. Mostrar que pessoas, seres humanos, estão sendo impactados”. *** O objetivo da cobertura climática nesses veículos independentes não é apenas mostrar a conexão entre desastres locais e a crise global, mas também mostrar como as ações locais na Amazônia têm um impacto abrupto no clima local e global. Ao fazer isso, esta reportagem tenta estimular uma conscientização política entre os leitores sobre a urgência da proteção da Amazônia e a necessidade de uma mudança na política ambiental da região. “É a questão de relacionar também, por exemplo, a grandes projetos que tem aqui em relação da mineração, agronegócio, e também não entender que é algo isolado”, disse Adison Ferreira, co-fundador da Agência Carta Amazônia em Belém. Vários veículos produziram uma cobertura aprofundada das eleições locais brasileiras no ano passado, examinando as políticas climáticas (ou a falta delas) propostas pelos candidatos nos municípios amazônicos e seu impacto direto no clima. Ainda de acordo com Pontes, a região precisa de “uma mudança política onde nós não elegemos mais políticos… que fazem um discurso de que floresta em pé é um atraso econômico para a região. Eu acho que enquanto nós estivermos elegendo políticos desse nível que nós temos hoje no Acre, com esse discurso, o desmatamento vai continuar aumentando, vamos perder mais florestas e, consequentemente, a crise climática vai se intensificar”. Para alguns, esse engajamento político é onde os veículos independentes da Amazônia mais diferem dos jornais urbanos tradicionais da região, que têm audiências maiores, mas são abertamente financiados por políticos e empresas, o que influencia sua cobertura. Cecilia Amorim, outra cofundadora da Carta Amazônia, disse que os jornalistas na Amazônia às vezes rotulam um desastre como causado pelas mudanças climáticas, mas não relatam os projetos locais de desmatamento que transformam os climas locais e globais: “Eles não especificam que é um efeito direto do agronegócio que invadiu aquela área, da monocultura de arroz que está lá”. O objetivo final desse tipo de reportagem sobre as causas locais da crise climática é mostrar aos leitores o que precisa mudar na Amazônia. “Com esse jornalismo que nós queremos fazer, nós queremos construir uma nova consciência social e política na sociedade local, para que as pessoas reflitam mais”, disse Pontes. “Nós precisamos também construir um discurso econômico, de mostrar para a sociedade, a criança, que nós podemos crescer economicamente, gerar emprego, renda, distribuir renda, mantendo a floresta em pé, explorando a floresta de forma sustentável, racional, e até fazendo reflorestamento”. Este passo final, de demonstrar as políticas na Amazônia que poderiam ajudar a combater a crise climática, é crucial não apenas para incutir consciência política, mas também para dar esperança às pessoas, uma tarefa desafiadora, dada a devastação causada por desastres recentes. “É necessário que a gente tenha uma perspectiva, assim, de esperança, porque isso não é como se tudo fosse explodir e colapsar, né? A gente vai continuar aqui, a Amazônia também vai continuar aqui”, disse Pereira. “Então, a gente precisa encontrar formas de tornar isso o melhor possível, o que a gente puder fazer”.

Local to Global and Back Again: Covering the Climate Crisis in the Amazon

February 5, 2025

In the 55 million years the Amazon has been a rainforest, it has never seen a year like 2024. Scorching heat waves drove temperatures to record highs while a historic drought sunk rivers in the basin to unprecedented lows. At the same time, the largest forest fires in decades charred huge swaths of forest and created plumes of smoke that made Amazonian cities the most polluted areas in the world. The independent news outlets of the Amazon were on the frontlines of chronicling these disasters, speaking to the communities whose lives had been upended, reporting on the government’s aid response, and performing data analyses and drawing maps to show the historic nature of the environmental conditions. But what most distinguished the climate journalism of these outlets was their reporting on not just the who, what and where--as is present in most media coverage of natural emergencies--but also the why. “When I started covering the climate, I did coverage that now I don't think is so correct, which was exposing what was happening at that moment and that's it,” said Jullie Pereira, a reporter for InfoAmazonia, an independent data journalism outlet. “You write the story and you don’t go deeper with experts, you don’t go deeper with criticism of the authorities, you don’t bring proposals.” Instead of this superficial reporting that describes only the specific disaster and its immediate impact, news outlets like InfoAmazonia explain local climate emergencies by incessantly linking them to the global climate crisis and by linking the global climate crisis back to local policies in the Amazon. They explain to readers how climate change has transformed weather patterns in the Amazon, while also investigating the tremendous impact deforestation projects in the region have on the global climate. The result is in-depth reporting that leaves no doubt about the gravity of the climate crisis in the Amazon and no illusions about the policies that are to blame and the changes that need to be implemented. *** In much of the Amazon, people don’t need to be told that their local climate is behaving strangely. “The people from the Amazon have this perception that the climate has changed in the Amazon. The climate is no longer the same, the rain cycles, the drought cycles have changed,” said Fabio Pontes, editor of Jornal Varadouro, an independent news outlet based in Rio Branco, Acre. But what’s less visible to the naked eye is the link between the scorching streets of Manaus or the disappearance of the local forest stream to the disasters happening all around the world. “Our challenge is to talk to the local population about the fact that this is also an effect of what they see every day on the news, be it a forest fire in the United States, a flood in Spain, a typhoon. It’s showing them that all this is connected around the world and here is no different,” Pontes said. The independent news outlets of the Amazon make that link explicitly, showing again and again that the extraordinary circumstances people in the Amazon are seeing around them are not just anomalies but predictable results from a global climate transformation. Last year, Amazônia Real began an article about the lack of potable water in Manaus by describing the city as “an example of what science affirms to be the new climate reality in the coming years.” Jornal Varadouro covered the Acre River’s successive floods and droughts in the same article it covered the COP29 climate conference. InfoAmazonia used an exclusive analysis and a collection of intricate maps and visualizations to show that the 2024 drought was in fact an extraordinary climate event that had never been seen before. To make this connection between local emergencies and the global crisis, these reporters combine science with anecdotal reporting. Data and quotes from expert sources explain the undeniable reality of climate change in the Amazon while poignant reporting on the personal struggles of local populations ground these changes in tangible and visible impacts on human lives. In InfoAmazonia’s exclusive analysis of the 2024 drought, Pereira explained how a warming Atlantic Ocean had combined with El Niño to inhibit cloud formation over the Amazon. Meanwhile, the outlet’s data team arranged masses of river measurements into charts to show clearly that the 2024 drought wasn’t just more extreme but also came earlier than the Amazon’s typical dry season. But in addition to this technical reporting on climate change’s role in the drought, Pereira also included heartbreaking stories of communities in the Amazon suffering from the decline of their rivers. For example, visiting the rural community of Uarini, more than 500 kilometers upriver from Manaus, Pereira spoke with a woman who had to give birth without the help of doctors because the drought prevented her from reaching the closest hospital. It would’ve been impossible to get that story if she hadn’t travelled to the community, Pereira said. “It is important for us to be able to travel to these locations or actually hire local reporters who can tell these stories so that we can understand what is actually happening. This demands resources, this demands staff, this demands interest,” she said. “The work of climate coverage on-site is very important.” These kinds of personal stories give reporting considerably greater impact in explaining the climate crisis, which can often seem abstract and distant, Pontes said. “I think the role of journalism is to give humanity, visibility, face, voice to the climate issue. To show that people, human beings, are being impacted.” *** But the goal of climate coverage at these independent outlets is not only to show the link between local disasters and the global crisis, but also to show how local actions in the Amazon have an extraordinary impact on both the local and global climate. In doing so, this reporting attempts to stimulate a political awareness among readers about the urgency of the Amazon’s protection and the need for a change in environmental policy in the region. “It’s a question of also relating [a local climate disaster] to the large projects here in mining, agribusiness, and understanding that it is not something isolated,” said Adison Ferreira, co-founder of the Carta Amazônia news agency in Belém. Several independent outlets produced in-depth coverage of the Brazilian local elections last year, examining the climate policies, or lack thereof, of candidates in Amazonian municipalities and their direct impact on the climate. Pontes said that the region needs “a political change where we no longer elect politicians… that use this discourse that the forest is an economic backwardness for the region. As long as we are electing politicians of the level we have today in Acre, with this discourse, deforestation will continue to increase, we will lose more forests and, consequently, the climate crisis will intensify.” For some, this political engagement is where the Amazon’s independent news outlets most differ from the traditional urban newspapers of the region, which have larger audiences but are openly funded by politicians and corporations, influencing their coverage. Cecilia Amorim, another co-founder of Carta Amazônia, said journalists in the Amazon sometimes label a disaster as caused by climate change, but don’t report on the local deforestation projects that transform both the local and global climate: “They don't specify that it's a direct effect from the agribusiness that invaded that area, from the monoculture of rice that is there.” The end goal of this kind of reporting on the local causes of the climate crisis is to show readers what needs to change in the Amazon. “With this journalism that we want to do, we want to build a new social, political awareness in local society, so that people can reflect more,” Pontes said. “We also need to build an economic discourse, to show society--children--that we can grow economically, generate jobs, distribute income, by keeping the forest standing, using the forest in a sustainable, rational way and even through reforestation.” This final step, of demonstrating the policies in the Amazon that could help combat the climate crisis, is crucial not just to instill political awareness but also to give people hope, a challenging task given the devastation recent disasters have caused. “We need to have a perspective of hope, because it’s not like everything is going to explode and collapse,” said Pereira from InfoAmazonia. “We will continue here, the Amazon will also continue here. So we need to find ways to make this as good as possible however we can.”

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In the fight over the fate of the Amazon Rainforest, journalists have taken a side, arming themselves with the most powerful tool at their disposal: rigorous and accurate reporting. This website will examine the wave of independent and environmental news outlets that have arisen in the Amazon over the last decade, showing the strategies they use, the topics they cover and the impact they have.

Na luta pelo destino da Floresta Amazônica, os jornalistas tomaram partido, armando-se com a ferramenta mais poderosa à sua disposição: reportagens rigorosas e precisas. Este site examinará a onda de jornais independentes e socioambientais que surgiram na Amazônia na última década, mostrando as estratégias que eles usam, os tópicos que cobrem e o impacto que têm.

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