Reporting the Understory

A Fulbright Research Project About Independent Journalism in the Brazilian Amazon

Featured Pieces/Matérias em Destaque

Como (Alguns) Veículos Independentes na Amazônia Conseguem Pagar as Contas

10 de junho de 2025

Enquanto veículos de imprensa ao redor do mundo fecham as portas em meio à queda drástica das receitas, o número de veículos independentes na Amazônia está crescendo. Na última década, a região viu a criação de diversos novos veículos sem fins lucrativos dedicados a produzir reportagens sobre a Amazônia sem a influência de políticos e corporações. Mas, embora alguns poucos tenham se tornado organizações jornalísticas com equipes editoriais estáveis, a maioria desses novos veículos mal consegue juntar dinheiro suficiente para sobreviver.Os veículos que se tornaram financeiramente sustentáveis não o fizeram colocando suas reportagens atrás de paywalls, vendendo anúncios, solicitando doações de leitores ou, como fazem os maiores e mais tradicionais meios de comunicação do Brasil, recebendo recursos de governos e empresas em troca de cobertura positiva. Em vez disso, para investigar de maneira aprofundada e corajosa as ameaças à sobrevivência da Amazônia, os veículos independentes da região recorreram a uma fonte de financiamento há muito usada por organizações sem fins lucrativos de outros setores: as organizações filantrópicas internacionais.Foi batendo à porta de organizações com bolsos fundos, especialmente nos EUA ou na Europa, como a Fundação Ford e a Google News Initiative, que esses veículos da Amazônia conseguiram financiar suas reportagens locais aprofundadas sobre a região. Eles se beneficiaram do crescente interesse pela Amazônia entre ambientalistas norte-americanos e europeus, o que motivou ONGs a doar centenas de milhares de dólares para iniciativas de preservação na região — incluindo o jornalismo independente.No entanto, a importância dessa fonte de financiamento também criou um sistema de duas camadas dentro do jornalismo independente na Amazônia. As organizações que conseguiram captar recursos com sucesso geralmente foram fundadas por jornalistas conhecidos, com ampla rede de contatos internacionais e fluência em inglês. Enquanto isso, outros veículos independentes, muitas vezes fundados por jornalistas locais amazônidas que não têm o mesmo alcance internacional, dependem quase exclusivamente de trabalho voluntário e sobrevivem por meio da aplicação a editais pequenos e temporários que financiam projetos pontuais.“A crise do financiamento para o jornalismo é um efeito da nossa sociedade. Então, ela reproduz também, em alguma medida, a estrutura desigual que é colocada nesse país”, disse Daiene Mendes, diretora de programação do Fundo de Apoio ao Jornalismo, uma nova iniciativa para financiar o jornalismo independente no Brasil. “São poucas organizações que recebem a maior parte do recurso, e essas organizações geralmente têm um perfil específico, uma cor específica, uma voz específica, e uma fatia muito pequena dos recursos é compartilhada com todo o restante de numerosas iniciativas”.Sumaúma, talvez o veículo independente da Amazônia com mais jornalistas, foi fundado por Jonathan Watts, jornalista ambiental veterano do The Guardian, e Eliane Brum, natural do Rio Grande do Sul, que se tornou uma das mais reconhecidas repórteres sobre a Amazônia. “Tanto Jonathan quanto a Eliane, eles são jornalistas bem mais conhecidos internacionalmente", disse Verónica Goyzueta, jornalista que ajudou a fundar Sumaúma com Brum e Watts. “Então, eles já tinham bons contatos para conseguir um financiamento inicial”.Em apenas três anos, Sumaúma já arrecadou níveis significativos de financiamento, permitindo a contratação de pelo menos 15 pessoas para a equipe editorial e o financiamento de projetos de reportagem de grande porte. Hoje, o veículo tem até uma pessoa dedicada exclusivamente a identificar oportunidades de financiamento.“Esses processos são difíceis e não são acessíveis também a todas as organizações jornalísticas, porque tem algumas que são muito pequenas, tem algumas que têm dificuldades, por exemplo, de fazer pedidos porque não têm esses contatos que a gente tinha oportunidades de ter”, disse Goyzueta.Outros veículos independentes bem estabelecidos na Amazônia incluem a InfoAmazonia, que tem um orçamento anual de cerca de R$2 milhões, segundo o diretor executivo Stefano Wrobleski.A InfoAmazonia surgiu como um projeto de O Eco, um site ambiental reconhecido no Brasil, antes de se tornar um veículo próprio. “Então a gente já tinha esse lugar e já tinha contatos também. Isso facilitou bastante as coisas”, afirmou Wrobleski.Mas mesmo para os veículos com conexões internacionais, o apoio das ONGs não chega a eliminar os desafios financeiros. Por exemplo, a InfoAmazonia, apesar de receber apoio consistente de várias organizações diferentes, conta com apenas dois repórteres permanentes. Ainda assim, o apoio das ONGs proporciona uma estabilidade que falta a outros veículos independentes da Amazônia. Enquanto a InfoAmazonia e Sumaúma têm fontes de financiamento de longo prazo, muitos veículos menores dependem de editais pontuais que financiam projetos de reportagem específicos.Esses financiamentos temporários, geralmente oferecidos por associações jornalísticas, cobrem os custos para que um jornalista viaje e realize uma reportagem específica. Normalmente valem cerca de US$1.500 (R$8300), valor que sobra pouco após os gastos com viagem — especialmente na Amazônia, onde os custos de deslocamento e de segurança são altíssimos.“Pra você fazer uma boa pauta na Amazônia e pra você ir a campo, para uma comunidade, hoje um valor mínimo de teu salário, de um fotógrafo e mais o deslocamento, vai ser entre R$10.000 e R$15.000 no mínimo”, disse Fábio Pontes, editor do Jornal Varadouro, um pequeno veículo independente com sede no Acre.Além disso, como esses financiamentos são temporários, os veículos que dependem deles precisam estar constantemente buscando novos editais para se inscrever.“Você tem que apresentar uma proposta, vender a pauta. Muitas vezes tem que fazer para organizações fora do Brasil, então tem que fazer em inglês, e muitas vezes é muito burocrático receber dinheiro de fora do Brasil”, disse Pontes. “É muito cansativo, é muito desgastante. Só faz mesmo porque precisa às vezes, porque não tem outra opção”.Pontes trabalha no Varadouro quase exclusivamente sem remuneração, fazendo freelas para se sustentar. Para tornar o Varadouro financeiramente sustentável e conseguir pagar uma equipe fixa de repórteres, ele estima que precisaria de um orçamento de cerca de R$250 mil por ano.Fred Santana, fundador do Vocativo, um pequeno veículo independente de Manaus, enfrenta os mesmos desafios. Ele disse que geralmente consegue cerca de um financiamento temporário por ano, que cobre o custo de um projeto específico de reportagem. Fora isso, o site praticamente não recebe recursos. Santana disse que passa cerca de seis horas por dia trabalhando no site.“Se nada mudar nos próximos meses, eu vou começar a procurar outro emprego fixo, manter o site apenas para voltar a fazê-lo como uma atividade paralela, quando for possível”, disse Santana.O Correio do Lavrado, veículo independente com sede em Boa Vista, sofre da mesma instabilidade, segundo a editora Vanessa Vieira. “A gente tem esses financiamentos muito pontuais para produzir um determinado produto. É uma coisa muito de curto prazo, de quatro meses, seis meses”, disse Vieira. “Pensando numa saúde física, uma saúde mental, de qualidade de vida, é muito complicado, porque já teve momentos assim que eu não sabia como eu ia pagar as contas do próximo mês”.Neste ano, alguns dos principais financiadores do jornalismo independente no Brasil se uniram para formar o Fundo de Apoio ao Jornalismo, com o objetivo de oferecer a mais veículos independentes o acesso à estabilidade financeira. O fundo, apoiado pela Fundação Ford, o Fundo Internacional para Mídia de Interesse Público, Luminate, Oak Foundation e Open Society Foundations, selecionará 15 veículos jornalísticos no Brasil para receber apoio anual entre R$75.000 e R$150.000 durante três anos. A intenção, segundo Mendes, diretora de programação do fundo, é descentralizar o financiamento ao jornalismo independente. O fundo dará prioridade a veículos localizados em desertos de notícias e liderados por pessoas de comunidades marginalizadas.O financiamento transformará imediatamente os veículos que o receberem, e Mendes disse esperar que algum veículo da Amazônia seja escolhido. Mesmo assim, há muito mais de 15 veículos independentes precisando de financiamento no Brasil. “Eu acho que o fundo não é e nem deve ser a única forma de distribuir recursos para as iniciativas. Têm que existir vários outros fundos, várias outras iniciativas”, disse Mendes.Para os veículos que não forem selecionados, há poucas opções. Campanhas que pedem doações de leitores têm pouco sucesso, afirmou Pontes, e, embora o site do Varadouro tenha espaço reservado para publicidade, até agora nenhuma empresa entrou em contato para anunciar.“Eu estou aqui no meu ponto de estar mentalmente exausto, muito cansado”, disse Pontes. “Muitas vezes a gente está sem esperança, porque quando a gente olha ao nosso redor, a gente não tem recursos, então muitas vezes bate o desânimo. Às vezes vem aquela vontade de desistir, porque você não vê retorno do seu trabalho voltando pra você”.Goyzueta, uma das fundadoras de Sumaúma, sabe que o apoio financeiro que o veículo recebe nem sempre é uma realidade acessível. “Realmente as pessoas são muito esforçadas, querem muito fazer jornalismo, mas não é fácil para todos”, disse.

Most Recent/Mais Recentes

Most Recent/Mais Recentes

Como (Alguns) Veículos Independentes na Amazônia Conseguem Pagar as Contas

10 de junho de 2025

Enquanto veículos de imprensa ao redor do mundo fecham as portas em meio à queda drástica das receitas, o número de veículos independentes na Amazônia está crescendo. Na última década, a região viu a criação de diversos novos veículos sem fins lucrativos dedicados a produzir reportagens sobre a Amazônia sem a influência de políticos e corporações. Mas, embora alguns poucos tenham se tornado organizações jornalísticas com equipes editoriais estáveis, a maioria desses novos veículos mal consegue juntar dinheiro suficiente para sobreviver.Os veículos que se tornaram financeiramente sustentáveis não o fizeram colocando suas reportagens atrás de paywalls, vendendo anúncios, solicitando doações de leitores ou, como fazem os maiores e mais tradicionais meios de comunicação do Brasil, recebendo recursos de governos e empresas em troca de cobertura positiva. Em vez disso, para investigar de maneira aprofundada e corajosa as ameaças à sobrevivência da Amazônia, os veículos independentes da região recorreram a uma fonte de financiamento há muito usada por organizações sem fins lucrativos de outros setores: as organizações filantrópicas internacionais.Foi batendo à porta de organizações com bolsos fundos, especialmente nos EUA ou na Europa, como a Fundação Ford e a Google News Initiative, que esses veículos da Amazônia conseguiram financiar suas reportagens locais aprofundadas sobre a região. Eles se beneficiaram do crescente interesse pela Amazônia entre ambientalistas norte-americanos e europeus, o que motivou ONGs a doar centenas de milhares de dólares para iniciativas de preservação na região — incluindo o jornalismo independente.No entanto, a importância dessa fonte de financiamento também criou um sistema de duas camadas dentro do jornalismo independente na Amazônia. As organizações que conseguiram captar recursos com sucesso geralmente foram fundadas por jornalistas conhecidos, com ampla rede de contatos internacionais e fluência em inglês. Enquanto isso, outros veículos independentes, muitas vezes fundados por jornalistas locais amazônidas que não têm o mesmo alcance internacional, dependem quase exclusivamente de trabalho voluntário e sobrevivem por meio da aplicação a editais pequenos e temporários que financiam projetos pontuais.“A crise do financiamento para o jornalismo é um efeito da nossa sociedade. Então, ela reproduz também, em alguma medida, a estrutura desigual que é colocada nesse país”, disse Daiene Mendes, diretora de programação do Fundo de Apoio ao Jornalismo, uma nova iniciativa para financiar o jornalismo independente no Brasil. “São poucas organizações que recebem a maior parte do recurso, e essas organizações geralmente têm um perfil específico, uma cor específica, uma voz específica, e uma fatia muito pequena dos recursos é compartilhada com todo o restante de numerosas iniciativas”.Sumaúma, talvez o veículo independente da Amazônia com mais jornalistas, foi fundado por Jonathan Watts, jornalista ambiental veterano do The Guardian, e Eliane Brum, natural do Rio Grande do Sul, que se tornou uma das mais reconhecidas repórteres sobre a Amazônia. “Tanto Jonathan quanto a Eliane, eles são jornalistas bem mais conhecidos internacionalmente", disse Verónica Goyzueta, jornalista que ajudou a fundar Sumaúma com Brum e Watts. “Então, eles já tinham bons contatos para conseguir um financiamento inicial”.Em apenas três anos, Sumaúma já arrecadou níveis significativos de financiamento, permitindo a contratação de pelo menos 15 pessoas para a equipe editorial e o financiamento de projetos de reportagem de grande porte. Hoje, o veículo tem até uma pessoa dedicada exclusivamente a identificar oportunidades de financiamento.“Esses processos são difíceis e não são acessíveis também a todas as organizações jornalísticas, porque tem algumas que são muito pequenas, tem algumas que têm dificuldades, por exemplo, de fazer pedidos porque não têm esses contatos que a gente tinha oportunidades de ter”, disse Goyzueta.Outros veículos independentes bem estabelecidos na Amazônia incluem a InfoAmazonia, que tem um orçamento anual de cerca de R$2 milhões, segundo o diretor executivo Stefano Wrobleski.A InfoAmazonia surgiu como um projeto de O Eco, um site ambiental reconhecido no Brasil, antes de se tornar um veículo próprio. “Então a gente já tinha esse lugar e já tinha contatos também. Isso facilitou bastante as coisas”, afirmou Wrobleski.Mas mesmo para os veículos com conexões internacionais, o apoio das ONGs não chega a eliminar os desafios financeiros. Por exemplo, a InfoAmazonia, apesar de receber apoio consistente de várias organizações diferentes, conta com apenas dois repórteres permanentes. Ainda assim, o apoio das ONGs proporciona uma estabilidade que falta a outros veículos independentes da Amazônia. Enquanto a InfoAmazonia e Sumaúma têm fontes de financiamento de longo prazo, muitos veículos menores dependem de editais pontuais que financiam projetos de reportagem específicos.Esses financiamentos temporários, geralmente oferecidos por associações jornalísticas, cobrem os custos para que um jornalista viaje e realize uma reportagem específica. Normalmente valem cerca de US$1.500 (R$8300), valor que sobra pouco após os gastos com viagem — especialmente na Amazônia, onde os custos de deslocamento e de segurança são altíssimos.“Pra você fazer uma boa pauta na Amazônia e pra você ir a campo, para uma comunidade, hoje um valor mínimo de teu salário, de um fotógrafo e mais o deslocamento, vai ser entre R$10.000 e R$15.000 no mínimo”, disse Fábio Pontes, editor do Jornal Varadouro, um pequeno veículo independente com sede no Acre.Além disso, como esses financiamentos são temporários, os veículos que dependem deles precisam estar constantemente buscando novos editais para se inscrever.“Você tem que apresentar uma proposta, vender a pauta. Muitas vezes tem que fazer para organizações fora do Brasil, então tem que fazer em inglês, e muitas vezes é muito burocrático receber dinheiro de fora do Brasil”, disse Pontes. “É muito cansativo, é muito desgastante. Só faz mesmo porque precisa às vezes, porque não tem outra opção”.Pontes trabalha no Varadouro quase exclusivamente sem remuneração, fazendo freelas para se sustentar. Para tornar o Varadouro financeiramente sustentável e conseguir pagar uma equipe fixa de repórteres, ele estima que precisaria de um orçamento de cerca de R$250 mil por ano.Fred Santana, fundador do Vocativo, um pequeno veículo independente de Manaus, enfrenta os mesmos desafios. Ele disse que geralmente consegue cerca de um financiamento temporário por ano, que cobre o custo de um projeto específico de reportagem. Fora isso, o site praticamente não recebe recursos. Santana disse que passa cerca de seis horas por dia trabalhando no site.“Se nada mudar nos próximos meses, eu vou começar a procurar outro emprego fixo, manter o site apenas para voltar a fazê-lo como uma atividade paralela, quando for possível”, disse Santana.O Correio do Lavrado, veículo independente com sede em Boa Vista, sofre da mesma instabilidade, segundo a editora Vanessa Vieira. “A gente tem esses financiamentos muito pontuais para produzir um determinado produto. É uma coisa muito de curto prazo, de quatro meses, seis meses”, disse Vieira. “Pensando numa saúde física, uma saúde mental, de qualidade de vida, é muito complicado, porque já teve momentos assim que eu não sabia como eu ia pagar as contas do próximo mês”.Neste ano, alguns dos principais financiadores do jornalismo independente no Brasil se uniram para formar o Fundo de Apoio ao Jornalismo, com o objetivo de oferecer a mais veículos independentes o acesso à estabilidade financeira. O fundo, apoiado pela Fundação Ford, o Fundo Internacional para Mídia de Interesse Público, Luminate, Oak Foundation e Open Society Foundations, selecionará 15 veículos jornalísticos no Brasil para receber apoio anual entre R$75.000 e R$150.000 durante três anos. A intenção, segundo Mendes, diretora de programação do fundo, é descentralizar o financiamento ao jornalismo independente. O fundo dará prioridade a veículos localizados em desertos de notícias e liderados por pessoas de comunidades marginalizadas.O financiamento transformará imediatamente os veículos que o receberem, e Mendes disse esperar que algum veículo da Amazônia seja escolhido. Mesmo assim, há muito mais de 15 veículos independentes precisando de financiamento no Brasil. “Eu acho que o fundo não é e nem deve ser a única forma de distribuir recursos para as iniciativas. Têm que existir vários outros fundos, várias outras iniciativas”, disse Mendes.Para os veículos que não forem selecionados, há poucas opções. Campanhas que pedem doações de leitores têm pouco sucesso, afirmou Pontes, e, embora o site do Varadouro tenha espaço reservado para publicidade, até agora nenhuma empresa entrou em contato para anunciar.“Eu estou aqui no meu ponto de estar mentalmente exausto, muito cansado”, disse Pontes. “Muitas vezes a gente está sem esperança, porque quando a gente olha ao nosso redor, a gente não tem recursos, então muitas vezes bate o desânimo. Às vezes vem aquela vontade de desistir, porque você não vê retorno do seu trabalho voltando pra você”.Goyzueta, uma das fundadoras de Sumaúma, sabe que o apoio financeiro que o veículo recebe nem sempre é uma realidade acessível. “Realmente as pessoas são muito esforçadas, querem muito fazer jornalismo, mas não é fácil para todos”, disse.

How (Some) Independent News Outlets in the Amazon Manage to Pay the Bills

June 10, 2025

As news outlets across the world close amid plummeting revenues, the number of independent news outlets in the Amazon is growing. Over the last decade, the region has seen the creation and expansion of several new, nonprofit outlets dedicated to producing reporting on the Amazon without the influence of politicians and corporations. Still while a handful have become thriving news organizations with stable editorial staffs, most of these new outlets barely scrape together enough money to survive.The outlets that have become financially sustainable have done so not by putting their reporting behind paywalls, selling advertisements, soliciting donations from readers, or, as the largest and most traditional news outlets in Brazil do, receiving funds from governments and corporations in exchange for positive coverage. Instead, in order to investigate the threats to the Amazon’s survival thoroughly and unabashedly, the independent news outlets of the Amazon have turned to a funding source non-profits in other sectors have long relied upon: international charitable organizations. It is by knocking on the door of deep-pocketed NGOs in the U.S. or Europe, such as Ford Foundation and Google News Initiative, that these news outlets in the Amazon have been able to fund their in-depth local reporting. They have benefited from the soaring interest in the Amazon among North American and European environmentalists, which has motivated NGOs to donate hundreds of thousands of dollars to preservation initiatives in the region, including independent journalism.However, reliance on this source of funding has also created a two-tiered system within independent journalism in the Amazon. The news organizations that have successfully raised money are often those founded by well-known journalists, who have extensive international contacts and speak fluent English. Meanwhile, other independent outlets, often founded by local Amazonian journalists who don’t have the same international reach, rely almost exclusively on volunteer work and survive by applying to small, temporary grants that fund one-off projects.“The crisis in journalism funding is an effect of our society. So it also reproduces, to some extent, the unequal structure that exists in this country,” said Daiene Mendes, programming director of the Journalism Support Fund, a new initiative to fund independent journalism in Brazil. “Few organizations receive the majority of the resources, and those organizations generally have a specific profile, a specific color, a specific voice, and a very small share of the resources is shared with the rest of the numerous initiatives.”Sumaúma, perhaps the largest independent news organization in the Amazon, was founded by Jonathan Watts, a long-time environmental journalist at The Guardian, and Eliane Brum, originally from Southern Brazil, who has become one of the most well-known reporters on the Amazon region. “Both Jonathan and Eliane are much more well-known internationally as journalists,” said Verónica Goyzueta, a journalist who helped found Sumaúma with Brum and Watts. “So they already had good contacts to secure initial funding.”In just three years, Sumaúma has already raised significant levels of funding, allowing them to employ at least 15 editorial staff members and fund expansive reporting projects. It now employs someone solely focused on applying to funding opportunities.“These processes are difficult and not accessible to all journalistic organizations, because some are very small, some have difficulties, for example, requesting funding because they don’t have the contacts that we had the opportunity to have,” Goyzueta said.Other well-established independent news outlets in the Amazon include InfoAmazonia, which has an annual budget of around R$2 million (about US$350,000), according to Executive Director Stefano Wrobleski.InfoAmazonia emerged as a project by O Eco, a well-known environmental reporting site in Brazil, before becoming its own outlet. “So we already had that space and we also had contacts. That made things a lot easier,” Wrobleski said.But even for the most well-connected news outlets, support from NGOs doesn’t come close to eliminating financial constraints. For example, InfoAmazonia, despite receiving consistent support from several different organizations, has only two full-time reporters. But NGO-backing does provide stability that other independent outlets in the Amazon lack. While InfoAmazonia and Sumaúma have long-term funding sources, many smaller publications rely on one-off grants that fund individual reporting projects.These temporary grants, which often are offered by journalism associations, provide funding for a journalist to travel to report on a particular story. Usually worth around US$1500, these grants leave little left over after travel expenses, especially in the Amazon, where travel and safety measures are enormously expensive.“To do a good story in the Amazon and to go out into the field, to a community, today the minimum cost of your salary, a photographer’s, and travel expenses will be between R$10,000 and R$15,000 (US$1800 to US$2700) at the very least,” said Fabio Pontes, editor of Jornal Varadouro, a small, independent outlet based in Acre.Additionally, since these grants are temporary, the news outlets that rely on them must constantly search for new grants to apply to.“You have to submit a proposal, pitch the story. Often it has to be done for organizations outside Brazil, so you have to do it in English. Many times it’s very bureaucratic to receive money from outside Brazil,” Pontes said. “It’s very tiring, very draining. You only really do it because sometimes you have to, because you have no other option.”Pontes works on Varadouro almost exclusively without payment, freelancing as a writer on the side in order to get by. To make Varadouro financially sustainable and be able to pay a fixed team of reporters, he would need a budget of about R$250,000 (US$45,000) per year, he estimates.Fred Santana, the founder of Vocativo, a small independent outlet in Manaus has the same challenges. He said he often receives about one temporary grant per year that covers the cost of one specific reporting project. Beyond that, the site receives almost no funding. Santana said he spends about six hours per day working on the website. “If nothing changes in the next few months, I’ll start looking for a steady job and just keep the site going as a side activity, whenever possible,” Santana said.Correio do Lavrado, an independent news outlet based in Boa Vista, suffers from similar instability, said editor Vanessa Vieira. “We get one-time funding to produce a specific product. It’s something very short-term, like four months, six months,” Vieira said. “Thinking about physical health, mental health, quality of life—it’s very complicated because there have been times when I didn’t know how I was going to pay next month’s bills.”This year, some of the leading financiers of independent journalism in Brazil have united to form the Journalism Support Fund, intending to provide more independent news outlets access to financial stability. The fund, which is backed by Ford Foundation, the International Fund for Public Interest Media, Luminate, Oak Foundation, and Open Society Foundations, will select 15 news organizations across Brazil to support with annual funding between R$75,000 to R$150,000 (US$13,500 to US$27,000) for three years. The intention, according to Mendes, the initiative’s programming director, is to decentralize funding for independent journalism. The fund will prioritize outlets that are located in news deserts and that are led by people from marginalized communities.The funding will immediately transform the news outlets that receive it, and Mendes said she hopes an outlet from the Amazon will be selected. Even so, there are far more than 15 independent news outlets in need of funding across from Brazil. “I don’t think the fund is or should be the only way to distribute resources to these initiatives. There have to be several other funds, several other initiatives,” Mendes said.For the outlets that are not selected, there are few other options. Campaigns soliciting donations from readers are largely unsuccessful, Pontes said, and while Varadouro’s website has designated advertisement space, for now, no business has reached out to place an ad.“I’m at the point of being mentally exhausted, very tired,” Pontes said. “Many times we feel hopeless, because when we look around, we have no resources, so discouragement often hits. Sometimes there’s that desire to give up, because you don’t see the return of your work coming back to you.”Goyzueta, one of the founders of Sumaúma, knows the financial support her outlet receives isn’t always attainable. “People really work hard and really want to do journalism, but it’s not easy for everyone,” she said.

O Veículo de Notícias na Amazônia que Leva Informações Críticas a Territórios Indígenas

5 de maio de 2025

Desde 2017, os povos indígenas da região do Alto Rio Negro, na Amazônia, usam uma nova ferramenta para defender seu território: a notícia. A partir de sua sede em São Gabriel da Cachoeira - o município mais indígena do Brasil - o canal de notícias Rede Wayuri transmite informações em vários idiomas nativos para os 23 diferentes povos indígenas espalhados por 750 comunidades da região. Wayuri, cujo nome significa ‘trabalho coletivo’ na língua indígena nheengatu, já compartilhou informações críticas sobre a prevenção da disseminação da COVID-19 e relatou o impacto catastrófico das mudanças climáticas em todos os territórios indígenas. Mas, mais do que tudo, ao produzir notícias de territórios indígenas sobre povos indígenas e para públicos indígenas, a Wayuri mobilizou comunidades indígenas na proteção de seus próprios direitos e territórios. Quando a Wayuri foi criada em 2017, os povos indígenas da região estavam sendo inundados com campanhas de desinformação nas redes sociais, incentivando-os a abrir seus territórios protegidos à mineração, disse Ray Baniwa, um dos fundadores do veículo. As campanhas, que promoviam a ideia de que as tribos da região se tornariam ricas com a chegada da mineração, foram efetivas dentro dos territórios indígenas. Eles costuraram uma desconfiança generalizada dos líderes comunitários e do principal grupo de direitos indígenas da região, a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), disse Baniwa. “Muita gente caiu nesse discurso, aquelas falas que empolgam, animam o pessoal, porque elas acham que é a verdade”, disse Baniwa. “Esse enfraquecimento, essa crise que a gente estava vivendo nessa época, fez com que as lideranças pedissem para FOIRN para que buscassem uma forma de dar resposta, de combater essa desinformação que estava circulando no território, de fazer contra-narrativa”. Wayuri estabeleceu um público notavelmente amplo em todo o Alto Rio Negro e, ao fazê-lo, conseguiu reconstruir o apoio ao movimento indígena entre as comunidades indígenas da região. Em São Gabriel da Cachoeira, muitos dos motoristas de táxi ouvem Wayuri, enquanto Juliana Radler, outra fundadora da Wayuri, estima que 70% da população indígena de 45 mil pessoas na região tem acesso e conhece o veículo. A Wayuri, que conta com uma parceria com a ONG Instituto Socioambiental e apoio financeiro de benfeitores, incluindo a União Europeia, tem uma ampla rede de correspondentes de comunidades indígenas em toda a região do Alto Rio Negro. Eles fazem reportagens de seus próprios territórios, enviando notícias para a redação centralizada em São Gabriel da Cachoeira, que compila as informações em forma de boletins de áudio ou programas de rádio. Essas informações são então distribuídas por toda a região via WhatsApp, rádio ou bluetooth. Muitos dos correspondentes são jovens, que recebem formação no jornalismo através de oficinas periódicas em São Gabriel da Cachoeira. Através de seu trabalho com a Rede Wayuri, eles se envolveram ativamente na proteção dos direitos indígenas. O movimento indígena estava um pouco distante da juventude e uma juventude que não estava mais tão próxima dessa geração que lutou pela demarcação”, disse Radler. “Então, um grupo ficou ali muito unido e trocando informação, e isso ajudou muito também a disseminar, as lutas, a renovar também a imagem da FOIRN no território”. A cobertura da Wayuri incluiu explicar o Plano de Gestão Territorial e Ambiental da região - um documento crucial que orienta a gestão sustentável e a proteção de cada território indígena no Brasil - destacando a cultura indígena local, fornecendo atualizações sobre como a legislação estadual e federal afeta os direitos indígenas e entrevistando candidatos para eleições locais. Mas talvez a reportagem mais crítica de Wayuri tenha sido sobre saúde pública. Durante o auge da pandemia de COVID-19, que causou grandes estragos no estado do Amazonas, a Rede Wayuri aumentou sua frequência de publicação, enviando instruções críticas de distanciamento social e gravando entrevistas com especialistas em saúde pública. A linguagem científica e médica em torno da pandemia era difícil para as pessoas entenderem, disse Claudia Wanano, editora da Wayuri, então compartilhar as informações em termos familiares para os ouvintes era fundamental. O título de um boletim de áudio, por exemplo, dizia aos ouvintes para ficarem do tamanho de um pirarucu, um peixe gigante da Amazônia, longe dos outros. A Wayuri também transmitiu as informações em várias línguas indígenas. “Levando essas informações assim nas línguas, eu vejo que elas ficam bem mais esclarecidas”, disse Wanano. Ao contrário de iniciativas anteriores de comunicação indígena no Brasil, que se concentraram principalmente em informar o público não indígena sobre a cultura e os direitos indígenas, a Wayuri fornece informações explicitamente para o público indígena. Essa missão tornou-se crítica nos últimos anos, dada a chegada da Internet - em grande parte através da Starlink - aos territórios indígenas e, com ela, um dilúvio de notícias falsas. “A gente quer fortalecer nossa narrativa dentro do nosso próprio território, a partir das vozes desse território”, disse Baniwa. “A gente enfrentou esse governo passado, onde chegava fake news todo dia, então a gente meio que foi uma barreira para tentar conter e combater essa informação”. Para Gave Cabral, presidente da organização de educação midiática Abaré, com sede em Manaus, que realiza oficinas com a Wayuri, o veículo indígena é uma “dose de esperança” para o jornalismo. Cabral disse que o ambiente midiático na Amazônia é extremamente concentrado nas grandes cidades, e há pouquíssima cobertura das áreas rurais, onde as narrativas costumam ser dominadas por políticos locais. “Quando surge uma iniciativa como a Rede Wayuri, eu acho que é um respiro e dá para dizer: ‘Poxa, a gente ainda não está com tudo perdido, ainda tem uma esperança de que é possível fazer comunicação no interior do Amazonas, apesar de todas essas dificuldades econômicas, logísticas, políticas’”, disse Cabral. Embora grande parte do jornalismo tradicional pareça estar em crise, a Wayuri representa o tipo de iniciativa de comunicação de base que está crescendo, disse Cabral. “Não é sobre isso quando a gente fala em crise. Não tem crise para o jornalismo popular, para o jornalismo comunitário. Eles, na verdade, são a solução para esse jornalismo”. Parte do sucesso da Wayuri vem do fato de os próprios jornalistas serem membros das comunidades indígenas do Alto Rio Negro. “É importante, nós mesmos, divulgando as informações, nós indígenas mesmo porque houve jornalistas de fora que vêm e trazem informações que eles não compreendem”, disse Wanano. “Acaba prejudicando a nossa imagem dos povos e da região de nós mesmos”. Os jornalistas da Wayuri, dada a sua compreensão pessoal das comunidades indígenas da região, também sabem como se comunicar melhor com seu público. “A gente sempre fala essa linguagem mais local, regional, essa linguagem dos povos indígenas”, disse Wanano. “A gente tenta levar essas informações e não deixa essa parte cultural, do jeito de falar, de narrar, de contar”. Falando ao seu público em termos familiares e línguas maternas, Wayuri rapidamente estabeleceu a confiança entre as comunidades da região, o que é necessário para combater eficazmente as notícias falsas e disseminar informações críticas. Também inspirou a criação de várias outras organizações e coletivos de comunicação indígena na Amazônia, tornando-se um modelo de uso da informação para defender a soberania e o território indígena. “A missão da rede dos comunicadores é isso - combater realmente essa questão das mentiras, das notícias falsas, de tentar esclarecer, mas levando assim no nosso próprio jeito de comunicar”, disse Wanano.

The News Outlet in the Amazon Bringing Life-Saving Information to Indigenous Territories

May 5, 2025

Since 2017, Indigenous peoples in the Upper Rio Negro region of the Amazon have used a novel tool to defend their territory: the news. From its headquarters in São Gabriel da Cachoeira--the most Indigenous municipality in Brazil-- news outlet Rede Wayuri broadcasts information in several native languages to the 23 different Indigenous peoples scattered across 750 communities in the region. Wayuri, whose name means “collective work” in the indigenous language nheengatu, has shared life-saving information about preventing the spread of COVID-19 and reported on the catastrophic impact of climate change across Indigenous territories. But more than anything, by producing news from Indigenous territories about Indigenous peoples and for Indigenous audiences, Wayuri has mobilized Indigenous communities in protection of their own rights and territory. When Wayuri was established in 2017, Indigenous peoples in the region were being inundated with disinformation campaigns on social media encouraging them to open up their protected territories to mining, said Ray Baniwa, one of the outlet’s founders. The campaigns, which promoted the idea that tribes of the region would become wealthy with the arrival of mining, were effective within Indigenous territories. They sewed widespread distrust of community leaders and the region’s principal Indigenous rights group, the Federation of Indigenous Organizations of the Rio Negro, Baniwa said. “Many people fell for that discourse, those speeches that excite and stir people up because they believe it's the truth,” Baniwa said. “That weakening, that crisis we were going through at the time, led the leadership to ask FOIRN to find a way to respond — to fight the disinformation that was circulating in the territory, to create a counter-narrative.” Wayuri has established a remarkably widespread audience throughout the Upper Rio Negro and in doing so, has been able to rebuild support for the Indigenous movement among the region’s Indigenous comunities. In São Gabriel da Cachoeira, many of the taxi drivers can be heard listening to Wayuri while Juliana Radler, another founder of Wayuri, estimates that 70% of the 45,000-person Indigenous population in the region has access to and is familiar with the outlet. The news outlet, which relies on a partnership with the NGO Instituto Socioambiental and financial support from benefactors including the European Union, has a wide-ranging network of correspondents from Indigenous communities across the Upper Rio Negro region. They report from their respective territories, sending news back to the centralized editorial staff in São Gabriel da Cachoeira, who compile the information in the form of audio bulletins or radio shows. That information is then distributed throughout the region via WhatsApp, radio or bluetooth. Many of the correspondents are young people, who receive training in news-gathering through periodic workshops in São Gabriel da Cachoeira. Through their work with Rede Wayuri, they have become actively involved in protecting Indigenous rights. “The Indigenous movement was somewhat distant from the youth — a youth that was no longer as connected to the generation that fought for land demarcation,” Radler said. “So the group stayed closely united and kept exchanging information, and that really helped spread awareness about the fight and also renew FOIRN’s image in the territory.” Wayuri’s coverage has included breaking down the region’s PTGA--a crucial document guiding the sustainable management and protection of each Indigenous territory in Brazil--highlighting local Indigenous culture, providing updates on how state and federal legislation affects Indigenous rights and interviewing candidates for local elections. But perhaps Wayuri’s most critical reporting has been on public health. During the peak of the COVID-19 pandemic, which wreaked havoc in the Amazonas state, Rede Wayuri increased their publication frequency, sending out critical social-distancing instructions and recording interviews with public health experts. The scientific and medical language surrounding the pandemic was difficult for people to understand, said Claudia Wanano, an editor at Wayuri, so sharing the information in familiar terms for listeners was critical. The title of one audio bulletin, for example, told listeners to stay the length of a pirarucu, a giant Amazonian fish, away from others. Wayuri also broadcast the information in various Indigenous languages. “By sharing this information in their own languages, I see that they become much more informed,” Wanano said. Unlike previous Indigenous communication initiatives in Brazil, which have mostly focused on informing the non-Indigenous public about Indigenous culture and rights, Wayuri provides information explicitly for Indigenous audiences. That mission has become critical in recent years given the arrival of the Internet--largely through Starlink--to Indigenous territories and with it, a deluge of fake news. “We want to strengthen our narrative within our own territory, through the voices from this territory,” Baniwa said. “We faced the last administration [of former-President Jair Bolsonaro], when fake news was coming in every day, so we kind of became a barrier to try to contain and combat that information.” For Gave Cabral, president of Manaus-based media education organization Abaré, which runs workshops with Wayuri, the Indigenous outlet is a “dose of hope” for journalism. Cabral said the media environment in the Amazon is incredibly concentrated on the large cities and there is very little coverage of rural areas, where narratives are typically dominated by local politicians. “When an initiative like Rede Wayuri emerges, I think it’s a breath of fresh air, and it makes you say, ‘Wow, not everything is lost yet. There’s still hope that it’s possible to operate communication initiatives in the interior of Amazonas, despite all these economic, logistical, and political difficulties.’” While much of traditional journalism appears to be in crisis, Wayuri represents the kind of grassroots communication initiative that is growing, Cabral said. “That’s not what we’re talking about when we speak of a crisis. There is no crisis for popular journalism, for community journalism. They are, in fact, the solution for journalism.” Part of Wayuri’s success comes from the fact that the journalists themselves are members of the Upper Rio Negro’s Indigenous communities. “It’s important that we ourselves share the information — we Indigenous people — because there have been outside journalists who come and bring information they don’t understand,” Wanano said. “It ends up harming the image of our peoples and our region.” Wayuri’s journalists, given their personal understanding of the Indigenous communities of the region, also know how to best communicate with their audience. “We always speak this more local, regional language, the language of the Indigenous peoples,” Wanano said. “We try to bring this information while preserving the cultural aspect, the way of speaking, narrating and telling.” Speaking to their audience in familiar terms and maternal languages, Wayuri has quickly established the trust among the region’s communities that is needed to effectively combat fake news and disseminate life-saving information. It has also inspired the creation of a number of other Indigenous communication organizations and collectives in the Amazon, becoming a model for using information to defend Indigenous sovereignty and territory. “The mission of the network of communicators is that: to really combat the issue of lies, fake news, to try to clarify, but doing it in our own way of communicating,” Wanano said.

See More/Ver Mais

About the Project/Sobre o Projeto

About the Project/Sobre o Projeto

In the fight over the fate of the Amazon Rainforest, journalists have taken a side, arming themselves with the most powerful tool at their disposal: rigorous and accurate reporting. This website will examine the wave of independent and environmental news outlets that have arisen in the Amazon over the last decade, showing the strategies they use, the topics they cover and the impact they have.

Na luta pelo destino da Floresta Amazônica, os jornalistas tomaram partido, armando-se com a ferramenta mais poderosa à sua disposição: reportagens rigorosas e precisas. Este site examinará a onda de jornais independentes e socioambientais que surgiram na Amazônia na última década, mostrando as estratégias que eles usam, os tópicos que cobrem e o impacto que têm.

Read More/Ler Mais